quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Mídia, Moda, Nodoa.



Muito movimento, casas e prédios acumulados. Os moradores apenas contemplavam a mídia: vestindo, calçando e até sendo a visão da imprensa e da moda (típico de cidade grande). “Tudo o que tem na TV nós temos que ter” era o único ditado popular desta cidade e que até virou lema. Quem não fosse da mídia era acusado de impostor, sacana, subordinador das leis autoritárias da mídia (únicas leis existentes lá) e era levado ao júri para ser interrogado não só lá como também na delegacia. E mais do que possivelmente poderia ser preso. Na época da Ditadura Militar a pena máxima chegou a ser a de morte.

Ao chegarem as eleições da cidade (que tinha um governo democrático), o prefeito, o cara mais “da hora” da cidade, foi derrotado por um candidato de uma outra urbe daquele mesmo estado, por uma diferença de 905 votos. Triste e confuso o superado pensou:
_Mas como eu o cara mais na moda desta cidade fui vencido por um estrangeiro?
Ele pensava alto e o estrangeiro ouviu e respondeu:
_Eu não sou dessa cidade, mas estou mais na moda que você.

O novo prefeito acostumou-se rapidamente com o lugar. Dizia que tudo da moda era bom, que não existia nada melhor do que mídia e tal. E com isso continuou no cargo. Mas na verdade ele não gostava disso, na verdade ele odiava a moda e só fingia ser o que não era pra ficar no poder. Ninguém sabia disso, todos amaram o seu governo e ele continuou por oito anos até que chegaram as novas eleições. O partido dele, o PH (Partido da Hora) lançou seu candidato contra o antigo prefeito (aquele que não era o estrangeiro) que se ré candidatou com o seu partido, o PM (Partido da Moda).

O candidato do PH venceu por uma diferença de 1000 votos. Novamente derrotado, o candidato do PM novamente se perguntou:
_Mas como eu o cara...
_O estrangeiro estava apoiando o seu adversário... – disse um eleitor interrompendo-o – e pare de repetir essa frase, está me deixando enjoado!

Mas muitos não gostaram do governo. Então, depois de quatro anos, o PH lançou novamente o estrangeiro como seu candidato. E novamente ele ganhou, novamente disse que tudo da moda era bom e tal e etc., etc. Até que um dia ele se chateou, foi para um palanque e disse que não haveria mais moda. Todos os homens, mulheres, crianças, idosos e até modelos usariam uma camisa simples de uma só cor, sem realce ou detalhes acompanhado de uma calça comprida azul sem nenhum detalhe. Disse que quem se recusasse a isso ia pagar uma multa de R$30000000,50, senão, era preso por um período de 98 anos.

Todo mundo usando aquelas camisas sem graça e aquelas calças simples e sem nenhum detalhe começaram a ficar com raiva até que toda a população se revoltou indo até as ruas protestando contra o prefeito e forçando-o a discursar.

Lá eles se manifestavam mais ainda. “Não queremos mais essas espeluncas”,
“Queremos a moda de volta!”, ”Mídia já! Mídia já!” gritavam os manifestantes enfurecidos com aqueles tecidos idênticos de apenas um modelo com o propósito e função de revestir e proteger de microrganismos e do frio o corpo do usuário.
O prefeito estrangeiro fez o pequeno discurso:
_Vocês querem a moda de volta? - Todos responderam “sim” - Então se eu lhes dissesse que essa é a moda de agora em diante?
Depois de uns 3 minutos de silêncio o prefeito se retirou do palco e o povo antes revoltado, agora reflexivo, voltou para as suas residências.

Daquele dia em diante ninguém queria a moda, todos vestiam, calçavam, eram o que quisessem. Mesmo assim, todos seguiam um mesmo tipo de roupa, calçado e um mesmo tipo do ser. Todos ainda seguiam a moda sem querer. Mas ainda eram o que queriam.


2 comentários:

  1. OLÁ GRANDE JADIEL QUE BOM QUE VC CONSTRUIU SEU BLOG GOSTEI DAS POESIAS E DAS COLOCAÇÕES EM RELAÇÃO A DETERMINADAS LINHAS DE PENSAMENTO.
    DÁ UMA OLHA NO MEU VELEU: www.jairbatuques.blogspot.com

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  2. valeu cara!!! Um abraço aí pra você... Muito o brigado pelo comentário... também coloquei um comentario no seu.

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